23 agosto, 2010

O prazer da mudança


Acabei de assistir Hary e Sally pela 4 vez eu acho. O filme tem um lance legal onde de repente a sequência normal é interrompida e entra em cena casais já velhinhos contando orgulhosos como se conheceram há mil anos atrás e estão juntos até hoje. É engraçado como a sociedade (ou o ser humano, não sei) valoriza a constância, a estabilidade, a rotina. Qualquer mudança, em geral, é recebida com maus olhos. Mas, na minha opinião, a mudança é o que dá graça à vida, é o que nos faz crescer, sair do lugar, superar limites, conhecer coisas novas. Do que adianta viver até aos 80 anos fazendo sempre a mesma coisa. Que tédio! Um dos casais mais simpáticos é um tiozinho chinês que conta como conheceu a tiazinha chinesa. Foi assim: um homem de um vilarejo próximo disse a ele que havia uma moça muito boa e que estava pronta para casar. Ele não podia vê-la antes do casamento, pois assim rezava o costume, mas mesmo assim foi até o povoado próximo, ficou escondido e a espiou quando lavava roupas. Gostou dela e então disse ao homem que aceitava sim casar-se com a tal moça. Isso tinha sido há 52 anos e estavam juntos desde então. Isso é muito tempo.

Fazer a mesma coisa a vida toda é um pensamento que me apavora. As vezes brinco que queria mudar de profissão e virar soldador de alumínio por um tempo. Dou esse exemplo por causa da palestra do Almir Klink onde ele conta como eles tiveram que treinar pessoas para trabalhar como soldadores de alumínio no estaleiro dele. Como esse é um trabalho altamente especializado, quem aprende e fica bom logo é chamado para trabalhar em outros estaleiros ao redor do mundo. Quando o ouvi contando senti mesmo vontade de largar tudo e ir aprender a fazer navios. O quanto eu não aprenderia convivendo com aquelas pessoas que estariam ali. Aprenderia muitas outras histórias de vida diferentes das que eu vivi. Aprenderia um novo ofício diferente de tudo que eu já fiz. Sairia do escritório e iria trabalhar ao ar livre, perto do mar. E quando me cansasse daquilo começaria tudo de novo. Assim poderia/deveria ser a vida, poder vasculhar o mundo e tudo que ele tem a oferecer.