17 janeiro, 2009

A verdade sobre os carros de mensagem de som.

Hoje eu passei por um daqueles carros que fazem telegrama falado. Tava escrito assim na lateral “Mensagem de amor pra quem você ama.”. Eu queria saber de uma só pessoa nesse mundo que recebeu um negócio desses e gostou. Sim, porque só quem se diverte com isso são as pessoas que não têm nada a ver com a história. Quem recebe fica com cara de besta e quem manda, depois que percebe o desespero do outro, se toca da burrada que fez e ficam os dois ali tentando disfarçar. Aí a graça só sobra pra quem tá de fora curtindo com a sem graceira deles. E os lugares então, são escolhidos a dedo pra serem o mais constrangedor possível. Na escola, no trabalho, na academia, no futebol do final de semana. A gente leva um tempão pra criar uma áurea de respeito e conseguir a admiração dos colegas e pronto – tudo está destruído assim, em questão de minutos. Eu já recebi um na rodoviária. Vê se isso é lugar de mandar carro de som. Eu ia viajar e era meu aniversário e não iria poder passar com minha namorada. Ela então perguntou pro meu amigo se ele achava que eu iria gostar de receber a mensagem e o miserável disse que sim, que eu iria adorar. Era noite e a rodoviária tava lotada, bem como é uma rodoviária: gente de todo tipo e a maioria emburrada de ter de estar ali com gente de todo tipo. Aquilo já chegou tocando música alto e parou na esquina. Aí eu vi aquela movimentação, aquele vuco-vuco, o povo se aglomerando pra ver o que era e cheguei junto também. Quando vi o carro ali parado e o cara saindo com o microfone pensei “Hahaha quem será o coitado?? Vou ficar aqui só esperando pra ver a cara do otário.” O sujeito começou falar e eu comecei a perceber que tinha a ver comigo. Começou a me dar um frio na barriga. Eu olhei pra minha namorada e ela tava rindo, adorando aquilo tudo. Demorou um pouco e o cara solta meu nome. Não teve jeito, tive que me aproximar e ficar ali, no meio da multidão. Nessas horas você não consegue encarar ninguém, mas consegue perceber, tipo olhando pro horizonte das cabeças, a expressão de “Ihh, se fudeu!” na cara das pessoas. Eu não sei como tava minha cara na hora, tentei dar o sorrisinho menos sem-graça possível e ficar lá torcendo pra tudo acabar logo.

Eu também não consigo imaginar de onde surgiu a idéia de que as pessoas iriam gostar de receber uma declaração sentimental de outra, que já não é fácil receber no escurinho do quarto, sendo dita num carro no meio da rua e podendo ser ouvida a quatro quarteirões dali. Eu acho que deve ter acontecido assim: a namorada toda romântica grava uma fita com uma declaração pro namorado e combina com o irmão que tem um carrão todo equipado com a sonzeira - módulo, subwoofer, twister e o escambal – de irem na casa dele fazerem uma surpresa. Chegam lá já tocando música alto e param em frente da casa. O povo lá dentro já se irrita porque aquele som alto ta atrapalhando ouvir a TV e o pai levanta pra ver o que ta acontecendo. Abre a cortina e vê a namorada do filho saindo do carro e grita pro coitado do garoto que é pra ele ir lá fora acabar com aquela zueira. A mãe, ouvindo aquilo, aproveita pra espisinhar a garota, de quem ela já não gosta muito, e começa a ladainha (como que aquela gata gente boa que a gente escolhe pra casar vira uma velha chata dada a ladainhas??). O cara já sai de casa PUTO dando esporro na namorada, o que ela ta pensando, aquilo é uma casa de família, ta aí com esse som nas alturas atrapalhando os vizinhos, tinha que ser coisa desse seu irmão delinqüente mesmo e por aí vai ... Nesse ínterim, o vizinho judeu da frente que acompanhou todo o ocorrido pensa “Jacó pode se dar bem com esse. Até que todo casal receba uma desse e caia na real, Jacó já ta rica.” E chama a filinha pra planejarem o próximo negócio.

Eu andei pesquisando e parece-me que só no Brasil é que existe isso. Refletindo, até que faz sentido, afinal somos um povo pacífico, cordato, que leva tudo no bom humor. Então um negócios desses consegue prosperar por aqui. Agora imagina nos outros países onde o povo já não é tão calminho. Tipo, nos EUA, o jovem recebe um desses na escola, acha que é provocação, saca uma sub-metralhadora e metralha o carro, a namorada, o povo que tava chegando perto e depois se entrega dizendo que eles é que pediram por isso. No Afeganistão - o carro chega, é suspeito, o cara pula em cima e explode tudo. No Japão, o cara namora uma ocidental que manda o carro, ele assiste tudo com aquela expressão de botox, entra na casa e se mata com aquela faquinha pois aquilo foi uma grande afronta à sua honra. Na China – uma empresa ocidental que estava por lá faz um desses pro aniversário de um de seus funcionários. Os chineses vêem, dissecam toda a sistemática do negócio e abrem a maior firma do mundo de mensagem falada com filiais aqui no Brasil.

08 janeiro, 2009

O corte do Samurai

"De todas as centenas de golpes com a espada que aprendemos nenhum é tão mortal quanto o que chamamos de - O corte do samurai.

A espada entra entre os ossos na altura do cotovelo a uma velocidade de nada menos que 142 m/s. Qualquer coisa menor do que isso irá fazer a lâmina resvalar em algum momento. Após passar pelos braços o tronco é atingido numa altura onde não precisamos mais nos preocupar com as costelas, o único osso pela frente é a coluna vertebral. Se assim não fosse seria impossível atingir o resultado. No mais, os principais obstáculos são os rins, intestinos, o músculo abdominal e todo fluído existente. Todo o movimento leva cerca de 2 segundos e requer a aplicação de uma força de aproximadamente 30 quilos. Não é muito se pensarmos que existem animais cuja mordida gera uma pressão 100 vezes maior e não consegue decepar nem um braço.

Esse é o corte do samurai. Aprendi aos 12 anos, pouco antes de terminar o treinamento. Tenho orgulho em dizer que fui o primeiro da minha turma. Nunca o executei numa pessoa real. "

Katsumiro Otoma descrevendo um dos golpes que aprendeu com a espada em seu treinamento.