Nunca pensei que seria possível fazer um filme interessante sobre o golfe, mas nesse fim de semana assisti um que chegou bem perto. O filme chama-se “Lendas da Vida” ou em inglês “The Legend of Bagger Vance" (2000) e conta a história de um herói da 1ª Guerra Mundial que participa de um campeonato de golfe e lá recebe a ajuda de um caddie misterioso. Achei o filme muito bom. É daquele tipo de filme inspirador, tipo de filme que se deve assistir de vez em quando pra ajudar a dar uma acalmada no espírito, lembrar de coisas importantes que se esquece no dia a dia tumultuado e renovar a esperança nas coisas. E tudo isso sem ser piegas ou chato (palmas para o Robert Redford que foi o diretor). Logo depois de cada cena de lição de moral ou mais romântica o filme volta rapidamente ao ritmo descontraído de antes e assim não fica aquela coisa muito melodramática e pesada.
Além de tudo isso, ainda aprende-se um monte sobre o golfe, e de um jeito que faz parecer o jogo realmente interessante. Chegou a dar vontade de tentar um dia. A impressão que sempre tive era de um jogo enfadonho jogado por pessoas mais enfadonhas ainda. Nada disso, é massa! O objetivo como todos já têm uma idéia é ir dando tacadas na bolinha até conseguir coloca-lá no buraco. E isso estando num campo de grama irregular e enorme, cheio de obstáculos como lagos, árvores, vento, etc, e na maioria das vezes a centenas de metros do buraco. Daí que nos jogos reais os caras conseguem tipo, estando quase a 1000 metros de distância , dar uma tacada que leva a bola do lado dele. Caráááio véiiiooo, isso é muito difícil!!! E quando acontece um hole-in-one (acertar o buraco numa só tacada, o que, dependendo da distância, é quase impossível) é como presenciar um milagre com seus próprios olhos.
Caddie é aquele carinha que fica levando os tacos do golfista pra lá e pra cá e de vez em quando dá uns pitacos sobre qual melhor taco usar ou melhor estratégia de jogo. O caddie do filme, porém, faz mais do que dar pitacos técnicos. Ele ajudou seu golfista, que era o azarão e jogava contra dois fodões do golfe, a se concentrar e a encontrar seu jogo. O cara tinha ficado 10 anos sem jogar, desde que voltou da primeira guerra mundial. Tinha perdido a fé nas pessoas e em si mesmo. Não é preciso passar pela experiência de uma guerra pra se perder o entusiasmo. Às vezes passamos por experiências tão difíceis que esquecemos quem nós somos e do nosso brilho interior. Nos deixamos consumir por toda a carga negativa que vai se acumulando com o tempo e chega uma hora que vivemos de reflexos, apenas na defensiva, esquivando do mal que pode estar pela frente. E vivendo assim é impossível ter forças pra realizar o que se deseja da vida. Fora o estado emocional, pense na dificuldade que é ser bom no golfe. Quer dizer, você ta lá, com um taco na mão e tem que acertar uma bolinha com força e ao mesmo tempo com precisão pra arremessa-la onde sua vista nem alcança direito. Você tem que medir a força que vai bater na bola e fazer com que seus músculos obedeçam, o jeito que vai bater, calcular a trajetória, pensar nos obstáculos naturais, controlar a respiração. São muitas as variáveis a serem consideradas para que cada tacada saia perfeita. Sabe aquele jogo de lançar argolas para que entrem nas garrafas? Isso já é difícil e a gente está a míseros cinco metros de distância, imagine no golfe.
O que eu quis tentar mostrar aí em cima foi como é complicado quando se deseja fazer algo difícil ou então ser o melhor em alguma coisa. São tantos fatores envolvidos, tanto técnicos como emocionais, que sem ajuda às vezes fica impossível. E isso é verdade pra qualquer coisa, em qualquer área, seja esportiva ou não. O caddie (interpretado pelo Will Smith) já sabia disso tudo e ajudou seu parceiro a encontrar o equilíbrio com conselhos certos na hora certa. Isso deve ser comum na área esportiva, quer dizer, o que ele fez deve ser o papel de qualquer treinador por exemplo. Mas o que eu acho é que todo mundo que está empenhado a fazer algo deveria ter ajuda. Todos mereciam ter um caddie por perto, interessado e dando bons conselhos, e, se você já tem alguém assim, vá logo rumo ao sucesso.
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